janeiro 11, 2023
A facilidade no cultivo, a textura macia e o sabor de fruta madura fizeram a Merlot popular entre enólogos e enófilos do mundo todo, mas nenhum deles adivinhava que além de bom vinho, esta uva também daria uma boa história.
O ano era 1991, o programa de TV era o famoso “60 minutes” que existe (sim, ainda existe!) desde 1968 e até hoje é um dos mais populares dos Estados Unidos. O apresentador era o admirado jornalista Morley Safer que comandou o show por mais de 30 anos e o segmento apresentado por ele entrou para a história com o nome de “The French Paradox”.
O jornalista perguntava à audiência porque mesmo comendo mais gordura que os americanos, os franceses teriam menos problemas cardíacos que eles. A resposta que ele achou estava no consumo de vinho muito mais alto na França do que nos EUA. Enviesada e simplista, a análise entrou nas mentes e corações dos americanos, impulsionando o consumo crescente de vinho no país.
Vale dizer que o documentário mencionava os potenciais benefícios do vinho para a saúde e, possivelmente, do resveratrol em específico.
A Merlot surfou esta onda de popularidade do vinho tinto nos EUA por muitas razões, incluindo seu perfil mais suave e frutado que o tornava mais interessante para os que começavam a tomar vinho e ainda não estavam preparados para vinhos muito secos ou taninos muito ásperos.
Há quem diga que até a relativa facilidade em pronunciar o nome do vinho contribui no processo.
Curiosamente, no início da história do vinho da Califórnia, a Merlot foi usado principalmente como um vinho monovarietal até que o enólogo Warren Winiarski da Stag’s Leap Wine Cellars começou a utilizar a uva como em suas raízes bordalesas, em blends com Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, no estilo de Bordeaux.
Porém, apesar deste breve retorno ao passado, outros continuaram acreditando no potencial da Merlot como monovarietal e vinícolas como a Sterling Vineyards seguiram engarrafando rótulos da agora queridinha da América.
A onda de popularidade durou até 2004, abruptamente interrompida pelo filme Sideways, onde o personagem principal é um fã de Pinot Noir que expressa seu desdém pelo Merlot. Se você gostaria de saber mais sobre esta rivalidade, veja o artigo MERLOT VS PINOT.
O fato de que durante esta década de popularidade inúmeras propostas de Merlot entraram no mercado americano, muitas delas querendo agradar o grande público que aprecia vinhos suaves, certamente contribui para sua própria queda. Muitos destes vinhos eram doces demais, pouco ácidos e sem taninos, produzidos em massa a um custo baixo, gerando assim um certo preconceito em relação à uva.
Como resultado, as plantações de Merlot na California diminuíram e se recuperaram apenas em 2020.
Os Merlots mais populares têm seu lugar no mercado americano, porém, hoje, a Califórnia elabora exemplares realmente sérios, envelhecidos em barris, cuidadosamente trabalhados desde o vinhedo até a adega.
Se você deseja conhecer alguns dos melhores Merlots americanos, é só seguir o link e escolher um do nosso portfolio.
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