janeiro 18, 2023
A uva que saiu de Bordeaux para agradar enólogos e enófilos do mundo inteiro.
Aos enólogos a Merlot agrada por sua resistência a doenças, simplicidade no cultivo, fácil adaptação a diferentes climas e versatilidade.
Aos enófilos a uva agrada por seu paladar repleto de ameixa e frutas negras maduras, toques achocolatados, elegante acidez e taninos macios.
A Merlot é a variedade de uva mais cultivada na França. É mais proeminente no sudoeste da França na região de Bordeaux. No tradicional corte bordalês, o papel da Merlot é adicionar corpo e suavidade. Apesar de representar 50% a 60% das plantações totais em Bordeaux, a uva tende a representar uma média de 25% das misturas - especialmente nas regiões vinícolas de Graves e Médoc.
No entanto, a Merlot é muito mais proeminente na margem direita do rio Gironde, nas regiões de Pomerol e Saint-Émilion, onde geralmente compõe a maior parte da mistura, de 60% a 80%. Um dos vinhos mais famosos e raros do mundo, o Château Pétrus, é quase todo Merlot.
No Pomerol, a Merlot geralmente responde por cerca de 80% do corte. Os solos argilosos da região dão à uva mais estrutura tânica do que o encontrado em outras regiões. A Merlot proveniente dos solos arenosos e calcários de Saint-Émilion, representa cerca de 60% do vinho final e geralmente é misturada com Cabernet Franc. Em calcário, a Merlot tende a desenvolver mais notas aromáticas, enquanto em solos arenosos os vinhos são geralmente mais suaves do que a Merlot cultivada em solos argilosos.
O tradicional vinho Merlot de Bordeaux envolve a colheita da uva mais cedo. Isso mantém a acidez e produz vinhos com teores alcoólicos moderados, sabores frescos de frutas vermelhas e notas vegetais potencialmente herbáceas.
Porém, ao chegar ao Novo Mundo, a Merlot conseguiu brilhar de maneira muito distinta da sua terra natal. O "estilo internacional" favorecido por muitas regiões vinícolas do Novo Mundo tende a enfatizar a colheita tardia para obter maior amadurecimento, produzindo vinhos encorpados, escuros, de cor púrpura intensa, de alto teor alcoólico, taninos aveludados e sabores de frutas negras como ameixa e amora.
Alguns países produtores de Merlot no Novo Mundo merecem destaque.
Uruguai: A Merlot é frequentemente misturada com Tannat e é a segunda variedade de uva tinta mais plantada, representando cerca de 10% do total de plantações de vinhedos.
Brasil: Os enólogos do país escolheram adotar a Merlot como sua, a exemplo do que o Chile fez com a Carménère, a Argentina com a Malbec e o próprio Uruguai com a Tannat. Desde então as vinícolas vêm trabalhando duro para aperfeiçoar um vinho Merlot com a cara do Brasil, mas a necessidade de amadurecimento prolongado para concentrar sabores e as chuvas que fecham os verões brasileiros podem representar um desafio.
Chile: A variedade é extremamente importante. Os vinhedos percorrem todo Vale Central e a uva é tão popular que protagonizou a histórica confusão com a uva Carménère.
Estados Unidos: A Merlot é de extrema relevância no país, especialmente na California. Após cair no gosto popular na década de 90, a uva foi utilizada na produção de vinhos de larga escala, que exigem menos cuidados na elaboração, de custo mais baixo e muitas vezes simples demais. Estes vinhos prejudicaram a imagem da uva que acabou vendo um declínio em seus vinhedos após o lançamento do filme Sideways que a criticava duramente. Os produtores que levaram a variedade a sério, recuperaram os Merlots bem trabalhados, e a fama do vinho Merlot americano atingiu novos patamares, tanto os de Napa quanto os de Sonoma.
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