janeiro 11, 2019
Um santo vinho? Saiba mais sobre o Châteauneuf-du-Pape.
Muitas lendas rondam a origem desta bebida tão especial, será que é bom mesmo pra ter este nome? O quê o Papa tem a ver com essa bebida? É feito com algum tipo de uva especial. Para entendermos melhor sobre essa iguaria da Europa, vamos começar essa viagem lá do começo.
O termo Châteauneuf-du-Pape é de origem francesa, do início do século XIV e significa “O castelo novo do Papa”, ou “Novo forte do Papa”. O vinho foi desenvolvido por conta da chegada dos Papas à cidade de Avignon, no sul da França no início do século XIV. Entre os anos de 1315 e 1333, o Papa João XXII, o segundo Papa eleito em Avignon, ordenou que fosse construído um castelo ao norte da cidade, para que fosse utilizado como estadia de veraneio pelos sacerdotes. O local foi construído em uma região estratégica, distante o suficiente da sede do papado, garantindo seu descanso, porém, próxima o suficiente para se manter a comunicação com a sede. Em seu terreno rochoso foram plantadas parreiras para produção de vinho de consumo do castelo, e assim começava a história do “vin du Pape” ou “vinho do Papa”. Infelizmente, hoje só sobraram ruínas, mas o destino dos vinhos ali produzidos foi exatamente o oposto.
Acredita-se que cerca de 3 mil litros por ano eram encomendados somente para a servir o papa e os emissários reais que ele recebia. Favorecidos pelo pontífice, os vinhos da região ganharam reputação rapidamente.
Com o fim dos “Papados de Avignon” (a sede da Igreja voltou a ser Roma, em 1377), as guerras religiosas do século 16, a Revolução Francesa no final do século 18, e a ocupação nazista na 2ª Guerra Mundial, o famoso castelo ficou em ruínas, mas é um dos muitos pontos turísticos europeus que merece ser visitado!
No decorrer das eras, produtores locais criaram normas para fiscalização dos verdadeiros vinhos Châteauneuf-du-Pape, que depois deram origem ao sistema AOC (Appellation d’Origine Contrôlée), influenciando também a regulamentação de denominação de origem da vinicultura de outros países.
Mas além da importância histórica, o que mais faz esses vinhos serem tão especiais?
Sua ampla gama de aromas e sabores, e, principalmente, sua textura rica e redonda, suntuosa e opulenta, torna um Châteauneuf-du-Pape praticamente incomparável com a maioria dos vinhos do mundo.
Uma das características mais marcantes da denominação Châteauneuf-du-Pape é a enorme quantidade de variedades: treze.
A uva Grenache é a variedade predominante da denominação (80%) que dá o caráter dos vinhos de Châteauneuf-du-Pape. Nem todas as cepas são utilizadas em todos os vinhos, é claro, e elas podem ser vinificadas em conjunto ou separadamente. Junto com a Grenache, há também Syrah, Mourvèdre e Cinsault, que são utilizados essencialmente para vinhos tintos, onde também podem aparecer Counoise, Vaccarèse, Terret Noir e Muscardin. O vinho branco é produzido a partir de Clairette, Grenache Blanc, Roussane, Bourboulenc, Picpoul e Picardan.
As regras que regulamentam a produção de vinhos rotulados como Châteauneuf-du-Pape são rígidas para garantir um produto com características únicas, e de alta qualidade. A colheita deve ser necessariamente manual, e o rendimento máximo para os vinhedos, de 35 hectolitros por hectare, está entre os mais baixos de toda a França.
Os produtores também são orientados por práticas de cultivo orgânico e biodinâmico, que oferecem as expressões mais naturais de uma uva, com vinhos igualmente considerados mais puros.
Conhecer esta região deslumbrante e visitar seus monumentos, infelizmente é para poucos, porém podemos nos aproximar dessa história fascinante através de seus vinhos especiais, o que já pode ser um ótimo começo, não é mesmo?
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